26.11.04

Começo a sentir-me trintona...

A minha mãe costuma trazer do escritório aquelas revistas femininas tipo Activa, Mulher Moderna e afins. Não tenho por hábito lê-las mas, volta e meia, pego nelas para me fazerem companhia na "sala de leitura".
Hoje peguei na Activa deste mês e descobri alguns artigos interessantes. Fait-divers autênticos mas que me fizeram pensar nalgumas coisas que, se não fossem estas revistas, talvez nunca me lembrasse delas.
Um desses artigos dá pelo nome de "Como ter confiança aos 20, 30, 40 e 50 anos".
O título deu-me alguma vontade de rir e, mentalmente, saiu-me logo um "lá vêm estas com teorias". A descrição do artigo fez-me parar um bocadinho e despertou-me curiosidade no que teriam para nos "ensinar" que não tivéssemos já aprendido por nós próprias.
"Há coisas que vamos aprendendo ao longo da vida e uma delas é a gostar de nós... Ou não? Conheça alguns retratos de fases por que passamos no caminho da confiança.".
Ok, vamos lá ler isto enquanto o "calhau" teima em se fazer preguiçoso.
Saltei logo a fase dos 20 anos. Já passou mesmo... depois leio!

Tipo de confiança
Estamos demasiado ocupadas para pensar nisso ou então temos tanto tempo que o feitiço se vira contra o feiticeiro e acabamos a pensar que aos 20 achávamos que iria ser tudo tão melhor... Mas geralmente já desenvolvemos pelo menos 3 talentos: sabemos como "dar sopa aos melgas", sabemos que tipo de calças nos fica melhor e sabemos que há noites que mais vale ficar em casa a ver o Titanic".

Realmente eu estou sempre demasiado ocupada para pensar nisso. Felizmente, o que não me falta é cenas para fazer e, quando não as tenho, invento-as. Parada NUNCA!
Aos 20 achava que iria ser tudo muito melhor, sim. Nunca me passou pela cabeça aos 20 que chegaria aos 30 num buraco tão fundo mas isso não me tira o sono. Pelo contrário dá-me mais força ainda para continuar a subir degraus. "Sopa aos melgas" é das coisas que melhor sei fazer. "Descartar javalis" é comigo mesmo e em 2 tempos me desaparecem da vista! Quando começam a falar de roupa, eu passo á frente. Eu e a roupa temos uma relação muito especial. O meu armário está povoado de todos os estilos, para todas as ocasiões. Um dia descobrirei para quê... aos 40, talvez! Essa de ficar em casa a ver o Titanic... outra lá para os 40.
Conclusão deste ítem: 4 para a Activa - 1 para mim.


Armadilhas
Pensar que o resto da Humanidade depende de nós. É importante não entrar numa de sacrifício pelos outros, porque geralmente não nos agradecem e passamos o resto da vida a pensar que não nos agradeceram, que é uma maneira bastante inútil de passar a vida.

Concordo plenamente que é uma maneira inútil de passar a vida. Embora eu passe a vida a fazer sacrifícios pelos outros (só concebo a minha felicidade se primeiro contribuir para a dos outros), não espero jamais que me agradeçam. Eu nem sei lidar com os agradecimentos...
Este ganhei eu. Activa, desculpa lá mas se as trintonas são assim... eu sou excepção!


O que nos deita abaixo
Comparar-mo-nos com as outras, e com outras que têm aquilo que nós achamos que nos faz falta. As solteiras acham que falharam a dança das cadeiras e deixaram passar o Principe Encantado, as mães acham que perderam oportunidades de carreira. A procura do todo pode ser obsessiva. Esta é aquela idade ambígua em que cabe tudo: há quem pareça ter 19 anos e se irrite porque os empregados do café a tratam por tu e quem já tenha a cara que ira ter aos 50.

Mais um bingo para mim! Não me comparo com ninguém (nem seria possível, credo! Sou muito eu para isso! Olha, a minha confiança tá lá, afinal) Principe Encantado? Nunca acreditei que existisse, portanto a dança das cadeiras não se aplica. 2-0
Sim, de facto recusei uma boa hipótese de carreira por causa do meu filho. De onde se conclui que a grande carreira da minha vida é ser mãe. 3-0
19 anos é exagero mas que passam a vida dar-me 25, 26 no máximo... e tratem-me por tu onde quer que seja, por favor! 3-0
Se eu tiver aos 50 a carinha que tenho hoje... olha lá a poupança nos cremes... que eu nem uso!!!
Conclusão: 4-0 para mim neste ítem. O que me deita realmente abaixo é a injustiça das pessoas e a sua falta de lealdade!


O que nos pode animar
Ter amigas na mesma situação, seja ela qual for. Perceber que não somos as únicas. Perceber que fazemos algumas coisas muito bem e concentrarmo-nos nelas.

ok, aqui ganham aos pontos. Anima realmente ter amigas na mesma situação... e eu tenho-as, o que é sempre um reconforto grande e funciona bem na entre-ajuda.

A conclusão de tudo isto é que eu começo a entrar nos trinta... o que já aconteceu quase há 3 anos!
Não, não me sinto nada trintona a não ser, talvez, nos anúncios de emprego mas esses, ainda, não fazem mossa.
Continuo cá com o meu espíritozinho teenager qb e estou muito bem assim!