8.8.05

A industria dos incendios por José Gomes Ferreira

Pensem nisto, reflictam bem, tomem as vossas providências e espalhem o texto. Talvez consigamos que mais gente ainda tome consciência do problema:


"A evidência salta aos olhos: o país está a arder porque alguém quer que ele arda. Ou melhor, porque muita gente quer que ele arda. Há uma verdadeira indústria dos incêndios em Portugal. Há muita gente a beneficiar, directa ou indirectamente, da terra queimada.

Oficialmente, continua a correr a versão de que não há motivações económicas para a maioria dos incêndios. Oficialmente continua a ser dito que as ocorrências se devem a negligência ou ao simples prazer de ver o fogo. A maioria dos incendiários seriam pessoas mentalmente diminuídas.

Mas a tragédia não acontece por acaso. Vejamos:

1 - Porque é que o combate aéreo aos incêndios em Portugal é TOTALMENTE concessionado a empresas privadas, ao contrário do que acontece noutros países europeus da orla mediterrânica?

Porque é que os testemunhos populares sobre o início de incêndios em várias frentes imediatamente após a passagem de aeronaves continuam sem investigação após tantos anos de ocorrências?

Porque é que o Estado tem 700 milhões de euros para comprar dois submarinos e não tem metade dessa verba para comprar uma dúzia de aviões Cannadair?

Porque é que há pilotos da Força Aérea formados para combater incêndios e que passam o Verão desocupados nos quartéis?

Porque é que as Forças Armadas encomendaram novos helicópteros sem estarem adaptados ao combate a incêndios? Pode o país dar-se a esse luxo?

2 - A maior parte da madeira usada pelas celuloses para produzir pasta de papel pode ser utilizada após a passagem do fogo sem grandes perdas de qualidade. No entanto, os madeireiros pagam um terço do valor aos produtores florestais. Quem ganha com o negócio? Há poucas semanas foi detido mais um madeireiro intermediário na Zona Centro, por suspeita de fogo posto. Estranhamente, as autoridades continuam a dizer que não há motivações económicas nos incêndios...

3 - Se as autoridades não conhecem casos, muitos jornalistas deste país, sobretudo os que se especializaram na área do ambiente, podem indicar terrenos onde se registaram incêndios há poucos anos e que já estão urbanizados ou em vias de o ser, contra o que diz a lei.

4 - À redacção da SIC e de outros órgãos de informação chegaram cartas e telefonemas anónimos do seguinte teor: "enquanto houver reservas de caça associativa e turística em Portugal, o país vai continuar a arder". Uma clara vingança de quem não quer pagar para caçar nestes espaços e pretende o regresso ao regime livre.

5 - Infelizmente, no Norte e Centro do país ainda continua a haver incêndios provocados para que nas primeiras chuvas os rebentos da vegetação sejam mais tenros e atractivos para os rebanhos. Os comandantes de bombeiros destas zonas conhecem bem esta realidade.

Há cerca de um ano e meio, o então ministro da Agricultura quis fazer um acordo com as direcções das três televisões generalistas em Portugal, no sentido de ser evitada a transmissão de muitas imagens de incêndios durante o Verão. O argumento era que, quanto mais fogo viam no ecrã, mais os incendiários se sentiam motivados a praticar o crime...

Participei nessa reunião. Claro que o acordo não foi aceite, mas pessoalmente senti-me indignado. Como era possível que houvesse tantos cidadãos deste país a perder o rendimento da floresta - e até as habitações - e o poder político estivesse preocupado apenas com um aspecto perfeitamente marginal?

Estranhamente, voltamos a ser confrontados com sugestões de responsáveis da administração pública no sentido de se evitar a exibição de imagens de todos os incêndios que assolam o país.

Há uma indústria dos incêndios em Portugal, cujos agentes não obedecem a uma organização comum mas têm o mesmo objectivo - destruir floresta porque beneficiam com este tipo de crime.

Estranhamente, o Estado não faz o que poderia e deveria fazer:

1 - Assumir directamente o combate aéreo aos incêndios o mais rapidamente possível. Comprar os meios, suspendendo, se necessário, outros contratos de aquisição de equipamento militar.

2 - Distribuir as forças militares pela floresta, durante todo o Verão, em acções de vigilância permanente. (Pelo contrário, o que tem acontecido são acções pontuais de vigilância e combate às chamas).

3 - Alterar a moldura penal dos crimes de fogo posto, agravando substancialmente as penas, e investigar e punir efectivamente os infractores

4 - Proibir rigorosamente todas as construções em zona ardida durante os anos previstos na lei.

5 - Incentivar a limpeza de matas, promovendo o valor dos resíduos, mato e lenha, criando centrais térmicas adaptadas ao uso deste tipo de combustível.

6 - E, é claro, continuar a apoiar as corporações de bombeiros por todos os meios.

Com uma noção clara das causas da tragédia e com medidas simples mas eficazes, será possível acreditar que dentro de 20 anos a paisagem portuguesa ainda não será igual à do Norte de África. Se tudo continuar como está, as semelhanças físicas com Marrocos serão inevitáveis a breve prazo."



José Gomes Ferreira
Sub-director de Informação da SIC

in SIC Online

3.8.05

Tu Aí

Tu Aí



Nasci entre ruínas
E nos vícios eu tentei crescer
Quero crescer!

Andei no limite do tempo
Tentei correr contra o vento
Pra quê?

Joguei no destino errado,
Perdi-me por querer saber

Tu aí!

Espero alguém chegar
Queres assim
Alguém pra me orientar
Ficas aí?
Tenho que me aguentar
Até ao fim
Será que me vou salvar?

Letra: Zé Pedro
Musica: Xutos & Pontapés


Sempre me identifiquei muito mais com as letras do Zé Pedro que com as do Tim.
Não só pelo seu lado mais crú, mais rebelde, mais directo mas também porque ele consegue focar temas maus deixando sempre aquela réstea de esperança que nos dá força para continuar.
Depois do nascimento do Bruno passei por momentos muito maus e sei que foi nele que encontrei a força para continuar. A existência dele é, por si só, uma fonte de vida mas nem sempre chega para que o sorriso me saia expontâneo da cara.
Tu Aí sempre foi uma das músicas que fazia questão de ouvir quando me sentía mais em baixo. Ouvia-a calada e só no final soltava um "SIM" literalmente aos berros!
A convicção com que a palavra me saía era tão grande que me fazia acreditar de novo na felicidade que sempre queremos para nós e para os nossos.
Passaram-se anos mas valeu a pena a espera.
Estou naquela fase em que a vida me sorri por todos os lados, em que o amor toma conta dos meus dias e em que recomeço é uma palavra com sentido.
Vale sempre a pena acreditar que nos vamos salvar!

21.6.05

À minha Ovelha!

Faz anos hoje a "bicha"!
Corri os blogs dos "nossos" e encontrei tanta coisa bonita e verdadeira sobre ela que me senti na obrigação de o fazer também.
Só que não vou falar bem dela. Pois é, quem pensava que ía botar discurso sobre como ela é amiga, empenhada, sensitiva e humana, desenganem-se.
É que falar bem não custa (e mais ainda quando se trata de uma gaja que é um poço de qualidades). O que custa e fica sempre mal no próprio dia dos anos é apontar-lhe os defeitos e cascar-lhe na cabeça.
A Ana é daquelas miúdas que só não passa nos intervalos da chuva porque é corpulenta por natureza e por força dos quilos de gelado que come, se não ninguém daria por ela.
Entra muda, sai calada e rezem para que não abra muito a boca que quando isso acontece é sinal que vão levar nas orelhas forte e feio, sem dó nem piedade!
Tem um grande defeito. Não sabe (ainda, espero!) estabelecer uma grande prioridade na vida e leva-la até ao fim para que depois se possa dedicar a outras.
Quer abraçar o Mundo dela como se tivesse os 8 tentáculos de um polvo (lamento, "queridinha" mas esse quem o tem sou eu!) e esquece-se que não podemos querer nem fazer tudo ao mesmo tempo. O exemplo que leva aqui da Titia também não é dos melhores mas se alguma coisa aprendeu comigo e com o que já me viu sofrer pelas más escolhas que fiz foi a não fazer o que eu faço mas a ligar ao que eu digo.
Uma gaita! Raio da miúda tem que fazer sempre tudo ao contrário e vai de seguir as merdas de exemplos que tem na Família em vez de lhes dar ouvidos.
Hás-de vergar, caraças!!!
Vê se agora que já passaste o ano de todas as loucuras, tens um bocadinho mais de juízo nessa cabeça (sim, leste juízo e leste bem!) e te capacitas que mais importante que andares por aí a andarilhar, é terminares o curso para sacares um belo de um estágio, ok?
Temos a vida toda para andarilhar e curtir mas não podemos deixar que outros passem na nossa frente. Lembra-te que cada ano que perdes é mais um ano em que outros com tanta arte como tu avançam e te passam a perna!

Parabéns, xubinha!

PS: a teu pedido, aqui fica registado que o teu pimo fez questão de mencionar que sou mais velha que tu.

20.5.05

as últimas 4 horas...

Ainda há 4 dias reentrei na vida activa (leia-se trabalho) e já estou a entrar nas últimas 4 horas da mesma.
Não imaginam a alegria que tive nestas 4 manhãs em que, em vez de voltar para trás depois de deixar o Bruno na escola, segui em frente, rumo ao emprego.
E agora, está no fim. Trabalho temporário é assim mesmo mas, ao que parece, já há por aí uma nova colocação para mim, desta vez por 3 meses.
Não desgostei de aqui estar, apesar de não ter nada para fazer a não ser atender telefones e passar chamadas. É uma seca para quem é activa como eu. Tive a sorte de ter internet "free to use" senão teria morrido de tédio ou até adormecido mesmo!
E até pude vir de ganga, imaginem. Vantagens de estar numa agência de publicidade onde até o Presidente vem de fato de treino.
Não seria propriamente um sonho mas sempre achei que seria um negocio giro para trabalhar, o mundo da publicidade. Cheguei até a comentar com a Sara que, se nos sair o euromilhões sou bem capaz de voltar a estudar e tirar um qualquer curso relacionado com a criatividade só para ingressar neste mundo. É giro ouvi-los a discutir ideias e conceitos e foi mais que muita a vontade de entrar pela reunião adentro e cagar as minhas postas de pescada.
Está a chegar ao fim mais um ciclo.
Agora é esperar que outro comece, de preferência mais duradouro.

17.5.05

Ao meu Anjo

Farias hoje 43 anos mas o mar não te deixou chegar aos 33.
Durante os 7 anos em que privámos muito mais que intimamente, o dia do teu aniversário era comemorado com pompa e circunstância. Adoravas fazer anos, receber prendas e a atenção de todos. Os teus olhos verdes explodiam de felicidade, como se fizésses sempre 5 aninhos!
Hoje, mais do que nunca, sinto a tua falta.
Amanhã, dia da Final da Taça, seria, com toda a certeza, um dos dias mais felizes da tua vida, independentemente de sairmos vitoriosos ou não.
Mais do que as vitórias do Sporting, importava para ti a reunião do pessoal, o frenesim da preparação dos jogos, a adrenalina dos grandes derbys, o êxtase das entradas em campo...
Quando nos deixaste, eu deixei de ir ao futebol. Faltava-me o meu companheiro, o meu ombro, a pele que eu beliscava quando não queria acreditar que tínhamos ganho.
Voltei a Alvalade porque senti que em nada te agradava a minha ausência.
Ainda não consegui ir ao Alvalade XXI porque não estás cá para ir comigo mas hei-de, um dia, ultrapassar este estúpido receio.
Amanhã estarei contigo no coração e sei que vais estar, algures, a torceres-te todo para que o nosso Sporting erga a Taça UEFA.

Parabéns, Tourinho!